A Beta é o exemplo perfeito do espírito de inovação e da capacidade produtiva da indústria motocíclistica italiana.
Para aqueles que foram olhar, antes de tudo, para o preço, deixem-me dizer-lhes que este está parcialmente justificado pela extensa lista de equipamento que faz parte deste modelo.
Assim sendo, começamos pela enumeração dos diversos componentes que equipam a RR e que a distinguem da versão "normal". As suspensões dianteiras Marzocchi de 50 mm com cartucho selado são o principal cartão de visita, pelo facto de serem um modelo semi-oficial e cuja factura ultrapassa em muito os 1.500 euros. Neste modelo procedeu-se a uma afinação dos settings originais de forma a oferecer mais estabilidade, suavidade e resistência. O novo pistão interno, só por si, oferece uma melhoria de 50% no funcionamento da suspensão. Casquilhos, molas e componentes internos fabricados com tolerância mais apertadas fornecem a precisão que os pilotos mais exigentes pedem para as suas motos.
Em seguida temos um conjunto de aros e cubos Excel, bastante mais rígidos que os originais e aptos a suportarem os mais pesados abusos, para além de pouparem cerca de 900 gramas relativamente ao equipamento de série.
O escape em titânio e fibra de carbono da Leo Vince fornece aquele visual de moto de fábrica, permitindo inclusive poupar uma mão cheia de gramas no peso e, acima de tudo, fornece uma resposta mais forte e imediata em todo o regime de rotações. Só no escape e rodas especiais estamos a contar com cerca de 2.300 euros de valor de mercado para estes componentes.
A este conjunto valorizado de componentes podemos juntar as mesas de direcção maquinadas num bloco de alumínio, cremalheira "stealth" em aço e alumínio, amortecedor traseiro com mais curso, protecção de cárter em carbono, poisa-pés em "Ergal", tomada de ar para o filtro em carbono e uma nova decoração mais agressiva.
Equipado com o motor EXC que fez sucesso durante oito anos no modelo da KTM com esta designação, sentimo-nos desde logo à vontade pela forma como este desenvolve. O escape Leo Vince torna o propulsor mais solto e rápido na subida de rotação, eliminando alguma da inércia existente na versão original, que apaga cedo desde que se comece a puxar muito nos regimes mais elevados.
De curva para curva, a Racing anda para a frente sem hesitações, tornando-se mais viva e brutal, sendo necessária alguma experiência para não originar perdas de tracção.
No departamento da ciclística entramos num mundo totalmente à parte, originado pela adopção de componentes de altíssimo nível e que só podem ser disponibilizados a quem possui um currículo desportivo recheado. A forquilha Marzocchi de 50 mm é, de forma clara, bastante mais rígida que a versão de 45 mm, e isso nota-se nas pequenas lombas e buracos que se tornam mais perceptíveis quando rolamos em ritmos mais calmos ou nas trialeiras. À medida que vamos andando mais depressa a suspensão dianteira começa a trabalhar de forma mais consistente e oferece uma leitura de terreno impressionante, mas que exige um pouco mais do seu utilizador para se tornar verdadeiramente eficaz. Uma suspensão de "Pro", que mostra todo o seu potencial quando andamos ao ataque.
A Beta é uma moto muito ágil, que se mostra fácil de levar de curva para curva e nos trilhos. A travagem, assegurada por dois discos Braking assistidos por bombas Nissin, oferece potência, progressividade e muita segurança. A posição de condução é marcada por um guiador que continua a favorecer os utilizadores de grande estatura, e que não é do agrado na versão normal nem nesta. Um "pecado" que não chega para manchar o conjunto.
Nota final para a excelente qualidade de construção deste modelo, que se encontra ainda equipado com umas excelente protecções de quadro e de mão, em contraste com alguns modelos existentes no mercado.
Mesmo que o valor inscrito na etiqueta da Racing Edition seja elevado e algo dissuasor, é a soma dos componentes, agregados a um excelente conjunto na sua forma original, que tornam este modelo numa mais valia quando comparado com alguns modelos existentes no mercado. A própria Moto Espinha confirma que este modelo tem tido uma aceitação acima da expectativa. Afinal, basta fazer as contas. |
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